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O Clube de Regatas do Flamengo tem uma lista extensa de torcidas organizadas no currículo. Dentre elas, a primeira do Brasil e a mais antiga em atividade até hoje. Mas, apenas uma torcida do time segue o estilo de torcer do movimento Barra Brava, conhecido por incentivar as equipes com cantos até o final da partida, independentemente do resultado do jogo. 

 

Esse é o diferencial da Nação 12, torcida criada em 2009 e que está revolucionando o modo de torcer das arquibancadas. Nessa investida, flamenguistas de todos os cantos se uniram para propor uma forma diferente de apoiar o time: criação de cantos diretamente para o Flamengo, instituição de uma torcida não-violenta e um aberto posicionamento em questões políticas e sociais.

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"A gente tem um relacionamento abusivo com a polícia. Sempre é o que eles querem. Ela tinha que proteger a gente para todo mundo andar junto, mas fica um clima diferente"

- Rafael Oliveira, diretor de arquibancada da Nação 12

Foto: Millayne Venske

Mas não é só dentro dos estádios que a torcida dá um show. A Nação 12 foi a primeira torcida rubro-negra e do sudeste a abolir cantos de cunho homofóbico na torcida. Além disso, o grupo ainda conta com um movimento feminista de arquibancada para que mulheres que se sentirem desconfortáveis com casos de machismo e assédio possam recorrer. 

 

Empunhando a bandeira “Mulheres Nação 12 presentes”, as torcedoras mostram que também fazem parte da Nação 12. Na participação administrativa, entretanto, a falta de representatividade é tópico latente para Amanda Vieira. Flamenguista doente, a jovem é a única mulher a ocupar um cargo de diretoria, mas sempre se mostra ativa na luta contra qualquer tipo de machismo e LGBTfobia dentro da torcida.

"As pessoas dizem que política não se mistura com futebol, mas o que elas não sabem é que futebol é política"

-Amanda Vieira, diretora da Nação 12

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Foto: Millayne Venske

A Nação 12 é conhecida pelo modo pacífico de torcer. Não é a toa que não tem nenhum histórico de violência na torcida. Esse é um dos motivos pelos quais muitos torcedores migram de outras torcidas para a Nação 12, pois sentem-se mais seguros e acolhidos pelos outros integrantes. Foi o caso da Amanda Vieira e Rafael Oliveira (Peppa), que eram de outros movimentos do Flamengo e, aos poucos, começaram a participar dos jogos com a Nação 12. Hoje, ocupam cargos de diretoria.


Os instrumentos utilizados pela bateria da Nação 12 variam entre o repique, a caixa e o surdo. Mas o som característico da torcida vem da murga, instrumento de percussão cujo som é obtido através de raspagem ou agitação, com ou sem o auxílio de baquetas. Os ensaios acontecem todos os sábados, mas com lugares indefinidos, pois eles têm medo que sofram agressões de integrantes de outras torcidas.

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"Não pode brigar com quem anda com camisa do Vasco, Flamengo, Fluminense ou Botafogo no meio da rua só porque é de um time diferente"

-Felipe Damico, diretor da Nação 12

Foto: Millayne Venske

Na arquibancada rubro-negra, o movimento se diferencia também na não utilização de padronização dos integrantes - algo característico das demais torcidas organizadas. O motivo? “Nossa padronização é o Flamengo”, explica Felipe Damico, integrante da diretoria. Porém, isso não impede que a torcida se destaque das demais: sempre posicionada na pilastra 38 do Maracanã, o uso das bandeirolas e das barras (tecidos que atravessam verticalmente toda arquibancada) em cores rubro-negras mostram que ali está a Nação 12.

 

Segundo eles, ingressar na Nação 12 mudou a forma de torcer para o Flamengo. A paixão pelo time foge às palavras, e transparece no brilho nos olhos, nas lágrimas escorridas em momentos decisivos, no gol da vitória. Do vermelho que pulsa na sua bandeira, também é o sangue que pulsa nas veias dos torcedores. No momento de entrar no estádio, todos se unem pelo time de forma harmoniosa, bradando seus cantos e cantando a “música do gol”. Para os entrevistados, o Flamengo é vida ,e a Nação 12 é diversão, amizade e orgulho.

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