IMPÉRIO POR ELAS
Nelly Barboza
Pedrina Rocha
Imperiana desde os 17 e desfila desde os 26 anos. Cultiva seu amor pela escola há 53 anos. “Não gosto que falem do Império” e “Não importa onde a escola tá, eu tô lá” são frases que diz e que dizem bastante sobre esse amor.
Pedrina gosta de dizer que é menina de 47. Está no Império desde o inicio, quando tinha 16 para 17 anos. Hoje em dia é secretária da Velha Guarda e mantém viva a memória da Escola.
Perfil Pedrina
Perfil Nelly
“Nasceu Império Serrano, o reizinho de Madureira”. O samba menino de 47 feito por Campolino e Molequinho já nos dá uma ideia do que é o Império Serrano.
Império nasceu no Morro da Serrinha na Rua Balaiada, no quintal de Dona Eulália, irmã de Molequinho. Surgida em 1947 como uma dissidência da Escola de Samba Prazer da Serrinha e, já no seu primeiro desfile conquistou primeiro lugar. E foi assim por 4 anos seguidos. Com o luxo das fantasias, já naquela época, e a qualidade dos samba-enredo, a Escola se destacou e ganhou respeito das outras maiores. Seus fundadores eram trabalhadores do porto que também residiam no universo do samba e já compunham belas letras. Assim, o Império traz em seu repertório sambas que se tornaram Hinos: Aquarela do Brasil, Heróis da Liberdade, Bum bum paticumbum prugurundum...
Sua ala de compositores carrega nomes de peso como Silas de Oliveira, Elói Antero Dias, Seu Molequinho, Mano Décio da Viola, Mestre Fuleiro, Aluísio Machado, Beto sem Braço e Dona Ivone Lara. E por falar em Dona Ivone, Império foi a primeira escola a permitir que uma mulher fizesse parte de tal ala; além de ser pioneiro em diversas outras coisas.
O Império Serrano se glorificou na Rio Branco, consolidou-se na Presidente Vargas e para o novo Sambódramo mostrou a tradição e raíz do samba.
Uma trajetória que em 2020 completará 73 anos não é pouca coisa. Entre subidas e descidas os imperianos permanecem junto a escola, cultivando o amor que têm pelo samba, pelo espaço e por mais tudo o que o Império representa. É uma história bonita que vêm se perdendo em meio à Globelezas, à Sapucaís, e aos caros e luxuosos desfiles de hoje em dia.
As entrevistas com estas duas mulheres da Velha Guarda nos passam a dimensão do que é ser imperiano: é sua trajetória de vida se misturar com a trajetória da Escola; é sua memória individual ser parte de uma memória coletiva que guarda uma História. É cada momento, cada desfile, cada caso, ser seu e ao mesmo tempo de todos. História essa, que não é apenas da Escola, mas do Samba e do carnaval carioca.