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A história do mineiro que lutou pela resistência da comunidade do Morro do Borel através do Jornal "Folha do Borel" 

Miramar Castilho, vida no Borel como morador e radialista - Unknown Artist
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Aos 65 anos, Miramar Castilho continua com o mesmo sorriso de quando se mudou para o Morro do Borel com a família, no Rio de Janeiro, vindo de Minas Gerais aos 8 anos. Criador de um dos veículos de comunicação comunitária mais importantes no Rio de Janeiro, o jornal Folha do Borel, o ex-mecânico e hoje agente comunitário e radialista apaixonado resume sua ocupacao: "Quando eu descobri que deveria passar o que eu sabia para outras pessoas, nunca mais deixei de fazer. O que me motiva é fazer todo mundo acreditar que pode". Filho de um pedreiro ativista e preocupado com a saúde das pessoas com quem convivia, Miramar relembra a participacao ativa de toda sua família na construcao da comunidade:"Eu, meu pai e meus irmãos subíamos com as telhas de zinco lá pra cima. Sem estrada, sem nada”, relata. "Se hoje temos água encanada aqui é por causa do meu pai".

Miramar Castilho cresceu com o Morro do Borel e relata como sua vida e seu trabalho nos veículos comunitários de comunicacao da favela localizada na Tijuca, Zona Norte do Rio, refletiram na comunidade com histórico de resistência contra a ditadura civil-militar de 1964 e que se estendeu até os anos 2000."Jorge Netto foi quem fundou a primeira rádio comunitária do Brasil. E eu aprendi com ele que nossa voz importa", conta.

“É a Rádio Grande Tijuca sempre trazendo as notícias para você”. É assim que ele narra, entre músicas, o que está acostumado a fazer desde 2001 na rádio comunitária que surgiu a partir de um projeto do colégio Oga Mitta. A oideia surgiu 26 anos depois da Fplha do Borel, o primeiro jornal da comunidade, que era distribuído pelas vielas do morro. No jornal, cuidava das piadas e horóscopos que eram veiculados nas edições feitas à mão desde 1975.

Miramar narrando em rádio Grande Tijuca

Como jornalista comunitário, vivenciou muitos processos de transformação pelos quais a favela passou, desde o período de luta contra a invasão militar, em 1990, ao processo de urbanização do local e, em seguida, da implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em novembro de 2010. Todos os acontecimentos foram acompanhados pelo comunicador e noticiados pela Rádio Grande Tijuca. "Sempre nos respeitaram mas nenhum dos lados ajudava no financiamento do jornal. A gente nao queria saber de confusao", relembra.

Exemplar da Folha do Borel,

Edição de 1989

Atualmente, desenvolve um projeto de rádio de poste na comunidade, a fim de contribuir para maior circulação da notícia produzida no território. Em entrevista, ele julga que sua trajetória é muito extensa para caber em um filme. “E eu falo muito”, brinca. Apesar de ter uma família querida, o trabalho e propósito de vida falam mais alto:"Eu tenho duas paixões: a primeira é a rádio e depois mnha esposa. Ela fica brava, mas nao posso mentir." Miramar trabalha como agente comunitário e busca cada dia mais aprimorar suas habilidades em cursos públicos para melhorar a vida de todos no Borel.

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